Hoje, terça-feira (28), os professores da rede municipal de educação de Cascavel paralisam suas atividades pedagógicas e vão às ruas em busca de negociação salarial.
O sindicato dos professores (SIPROVEL) entregou à prefeitura uma lista de reivindicações, como o avanço na tabela, a correção no cálculo do salário, a ajuda de custo ao invés do cartão-transporte e a elevação do piso nacional dos monitores de biblioteca e instrutores de informática. Todavia a prefeitura disse não haver recursos financeiros, pois o prefeito Edgar Bueno quer trabalhar dentro do “limite prudencial” de 49% da folha, sendo que a folha pode chegar a 54%.
Mas o fato que causa mais indignação à categoria (e deveria chocar a sociedade como um todo) é que os salários dos Vereadores aumentaram 25%, o salário do prefeito aumentou 56%, assim como dos secretários, diretores e gerentes de gabinetes. Um exemplo dessa porcentagem: a secretária de educação começou o ano ganhando R$ 4 mil reais e hoje está ganhando R$ 9 mil e quatro reais, e o pior está por vir, Edgar justificou o aumento dizendo que ele precisa de pessoas “competentes e motivadas ao seu lado”.
Os professores se revoltaram com a forma como foram tratados pela administração da prefeitura e principalmente pela secretária de educação, Maristela Becker Miranda, que até o ano passado estava junto com os professores, lutando atrás das melhorias e mostrando em números, de onde é que havia a verba para a regularização da classe, veja que esta luta não é de hoje.
Ao ver tal descaso a categoria decidiu fazer um manifesto para mostrar à sociedade e principalmente ao prefeito a indignação. A passeata vai da igreja matriz até a câmara dos vereadores e conta com o apoio da sociedade em peso.
Ao redigir esse texto, lembrei-me de frases como:
- “professor é tudo vagabundo, não gosta de trabalhar, vive com feriado, recesso...”.
- “professor adora greve, faz de tudo pra não ter que trabalhar...”.
- “professor reclama de barriga cheia, tem um salário alto e vive ganhando aumento...”.
- “esses professores aí, não cuidam da sala e jogam a culpa na família...”.
- “professor não faz mais que a obrigação...”.
E decidi desmistificar um pouco estas “afirmações” e veja que não é difícil derrubar essas falsas idéias...
1) “professor é tudo vagabundo, não gosta de trabalhar, vive com feriado, recesso...”.
Primeiramente peço desculpas ao palavrão, pois gostaria de retratar com clareza o que ouço. Vive com feriado e recesso, quem se veste desse argumento mostra quão ignorante é, pois existe um calendário escolar, onde consta 200 dias letivos, são 200 dias que deverão ser trabalhados, sendo assim, o feriado e o recesso não são contados dentro desses 200 dias letivos. Para ilustrar, é só perceber que alguns anos as aulas começam mais cedo e terminam mais tarde (como esse ano), pois o número de feriados que caem no meio da semana é maior que o do ano anterior.
Ok, desmistificado um argumento!
2) “professor adora greve, faz de tudo pra não ter que trabalhar...”.
Nossa, a falta de compreensão da pessoa que profere essa frase é enorme, mal sabe que quando há greve, esses dias deverão ser repostos, ganhando, ou perdendo a “causa”.
Até mesmo nas paralisações (como a de hoje), deverá ser reposto esse dia, sendo aceita as reivindicações ou não, pois foi um dia que não foi trabalhado na escola.
3) “professor reclama de barriga cheia, tem um salário alto e vive ganhando aumento...”.
Primeiro ninguém tem a barriga tão cheia que não queira enchê-la mais... Mas não é o caso dos professores, quando há o aumento do salário mínimo, o professor, assim como quase todos os funcionário públicos, não recebem o reajuste, pois a forma de cálculo é diferente.
Sendo assim, a prefeitura estipula um valor, ou o sindicato reivindica a porcentagem, que é ou não aceita pela prefeitura, no entanto, costumeiramente o valor aceito é sempre inferior ao pedido. Ex: ano passado foi pedido um cálculo baseado em 6% e só foi aceito 3%, sendo ainda divididos em 3 meses...
Por isso a necessidade de estar sempre pedindo... Porque nunca se ganha!
4) “esses professores aí, não cuidam da sala e jogam a culpa na família...”.
Esse assunto não diz muito respeito à paralisação, mas sempre há aqueles que aproveitam essa hora para dizer tudo o que está engasgado...
A família está cada dia mais desestruturada, ou no mínimo numa estruturação incomum, que ainda não assimilamos e não compreendemos, mesmo ás vezes, fazendo parte dessa nova família.
O limite das crianças é quase inexistente e esta é uma afirmação impossível de ser quebrada, uma vez que, em qualquer ambiente em que há uma criança, observa-se a falta de limites e a ineficácia da autoridade dos pais. E a escola ficou com a impossível tarefa de educar.
Impossível? Mas não é dever da escola educar?
A educação vem de casa, a escola ensina conteúdo, possibilita o conhecimento e sistematiza a educação, os valores e as regras advindas da família.
A “culpa” sempre esteve com a família, porém, antigamente não era preciso chamar a família para resolver problemas na escola, até porque, se o pai fosse chamado pela escola, a situação ficava complicada para criança... Coisa que não acontece mais...
E por fim e tão triste a expressão:
5) “professor não faz mais que a obrigação...”.
Essa também não tem muito a ver com o manifesto, é mais com a expressão à cima, mas eu a escolhi por ser uma frase tão ouvida e tão triste.
Não tem nada mais desanimador para um cidadão trabalhador, do que fazer o seu trabalho bem feito, com dedicação, zelo e receber um “não faz mais que a obrigação”.
Ninguém gosta de ser tratado assim. Ninguém!
Falando do nosso profissional da educação, se perguntarmos ao indivíduo que usa esse discurso, “qual é a obrigação do professor?”, provavelmente iremos ter uma resposta errônea e preconceituosa sobre o papel da escola, até por que esse papel já foi tão debatido que às vezes acredito que perdeu-se um pouco o rumo.
A função da escola é ensinar.
Não deve ter outros sentidos, não deve ser assistencialista, por que tira a responsabilidade do governo. Não deve ter de educar, por que tira a responsabilidades dos pais.
A escola tem que ensinar. Ensinar a criança os conteúdos necessário para a vida, ensinar a criança a pensar (pensar tem que ser ensinado, alienar-se é padrão), tornar um cidadão crítico que não possa ser enganado, que não encare a escola como depósito, nem mesmo transformador, por que a escola não faz milagre, não trabalha com osmoze e não consegue sozinha, ela não é capaz, por que a criança é um ser sócio-histórico, tem uma história de vida, tem uma família e vive em sociedade.
É todos pela educação, cada um cumprindo sua função!
Acredito que consegui derrubar alguns discursos de senso comum.
Espero que tenha gostado e que comente mostrando sua opinião.
O sindicato dos professores (SIPROVEL) entregou à prefeitura uma lista de reivindicações, como o avanço na tabela, a correção no cálculo do salário, a ajuda de custo ao invés do cartão-transporte e a elevação do piso nacional dos monitores de biblioteca e instrutores de informática. Todavia a prefeitura disse não haver recursos financeiros, pois o prefeito Edgar Bueno quer trabalhar dentro do “limite prudencial” de 49% da folha, sendo que a folha pode chegar a 54%.
Mas o fato que causa mais indignação à categoria (e deveria chocar a sociedade como um todo) é que os salários dos Vereadores aumentaram 25%, o salário do prefeito aumentou 56%, assim como dos secretários, diretores e gerentes de gabinetes. Um exemplo dessa porcentagem: a secretária de educação começou o ano ganhando R$ 4 mil reais e hoje está ganhando R$ 9 mil e quatro reais, e o pior está por vir, Edgar justificou o aumento dizendo que ele precisa de pessoas “competentes e motivadas ao seu lado”.
Os professores se revoltaram com a forma como foram tratados pela administração da prefeitura e principalmente pela secretária de educação, Maristela Becker Miranda, que até o ano passado estava junto com os professores, lutando atrás das melhorias e mostrando em números, de onde é que havia a verba para a regularização da classe, veja que esta luta não é de hoje.
Ao ver tal descaso a categoria decidiu fazer um manifesto para mostrar à sociedade e principalmente ao prefeito a indignação. A passeata vai da igreja matriz até a câmara dos vereadores e conta com o apoio da sociedade em peso.
Ao redigir esse texto, lembrei-me de frases como:
- “professor é tudo vagabundo, não gosta de trabalhar, vive com feriado, recesso...”.
- “professor adora greve, faz de tudo pra não ter que trabalhar...”.
- “professor reclama de barriga cheia, tem um salário alto e vive ganhando aumento...”.
- “esses professores aí, não cuidam da sala e jogam a culpa na família...”.
- “professor não faz mais que a obrigação...”.
E decidi desmistificar um pouco estas “afirmações” e veja que não é difícil derrubar essas falsas idéias...
1) “professor é tudo vagabundo, não gosta de trabalhar, vive com feriado, recesso...”.
Primeiramente peço desculpas ao palavrão, pois gostaria de retratar com clareza o que ouço. Vive com feriado e recesso, quem se veste desse argumento mostra quão ignorante é, pois existe um calendário escolar, onde consta 200 dias letivos, são 200 dias que deverão ser trabalhados, sendo assim, o feriado e o recesso não são contados dentro desses 200 dias letivos. Para ilustrar, é só perceber que alguns anos as aulas começam mais cedo e terminam mais tarde (como esse ano), pois o número de feriados que caem no meio da semana é maior que o do ano anterior.
Ok, desmistificado um argumento!
2) “professor adora greve, faz de tudo pra não ter que trabalhar...”.
Nossa, a falta de compreensão da pessoa que profere essa frase é enorme, mal sabe que quando há greve, esses dias deverão ser repostos, ganhando, ou perdendo a “causa”.
Até mesmo nas paralisações (como a de hoje), deverá ser reposto esse dia, sendo aceita as reivindicações ou não, pois foi um dia que não foi trabalhado na escola.
3) “professor reclama de barriga cheia, tem um salário alto e vive ganhando aumento...”.
Primeiro ninguém tem a barriga tão cheia que não queira enchê-la mais... Mas não é o caso dos professores, quando há o aumento do salário mínimo, o professor, assim como quase todos os funcionário públicos, não recebem o reajuste, pois a forma de cálculo é diferente.
Sendo assim, a prefeitura estipula um valor, ou o sindicato reivindica a porcentagem, que é ou não aceita pela prefeitura, no entanto, costumeiramente o valor aceito é sempre inferior ao pedido. Ex: ano passado foi pedido um cálculo baseado em 6% e só foi aceito 3%, sendo ainda divididos em 3 meses...
Por isso a necessidade de estar sempre pedindo... Porque nunca se ganha!
4) “esses professores aí, não cuidam da sala e jogam a culpa na família...”.
Esse assunto não diz muito respeito à paralisação, mas sempre há aqueles que aproveitam essa hora para dizer tudo o que está engasgado...
A família está cada dia mais desestruturada, ou no mínimo numa estruturação incomum, que ainda não assimilamos e não compreendemos, mesmo ás vezes, fazendo parte dessa nova família.
O limite das crianças é quase inexistente e esta é uma afirmação impossível de ser quebrada, uma vez que, em qualquer ambiente em que há uma criança, observa-se a falta de limites e a ineficácia da autoridade dos pais. E a escola ficou com a impossível tarefa de educar.
Impossível? Mas não é dever da escola educar?
A educação vem de casa, a escola ensina conteúdo, possibilita o conhecimento e sistematiza a educação, os valores e as regras advindas da família.
A “culpa” sempre esteve com a família, porém, antigamente não era preciso chamar a família para resolver problemas na escola, até porque, se o pai fosse chamado pela escola, a situação ficava complicada para criança... Coisa que não acontece mais...
E por fim e tão triste a expressão:
5) “professor não faz mais que a obrigação...”.
Essa também não tem muito a ver com o manifesto, é mais com a expressão à cima, mas eu a escolhi por ser uma frase tão ouvida e tão triste.
Não tem nada mais desanimador para um cidadão trabalhador, do que fazer o seu trabalho bem feito, com dedicação, zelo e receber um “não faz mais que a obrigação”.
Ninguém gosta de ser tratado assim. Ninguém!
Falando do nosso profissional da educação, se perguntarmos ao indivíduo que usa esse discurso, “qual é a obrigação do professor?”, provavelmente iremos ter uma resposta errônea e preconceituosa sobre o papel da escola, até por que esse papel já foi tão debatido que às vezes acredito que perdeu-se um pouco o rumo.
A função da escola é ensinar.
Não deve ter outros sentidos, não deve ser assistencialista, por que tira a responsabilidade do governo. Não deve ter de educar, por que tira a responsabilidades dos pais.
A escola tem que ensinar. Ensinar a criança os conteúdos necessário para a vida, ensinar a criança a pensar (pensar tem que ser ensinado, alienar-se é padrão), tornar um cidadão crítico que não possa ser enganado, que não encare a escola como depósito, nem mesmo transformador, por que a escola não faz milagre, não trabalha com osmoze e não consegue sozinha, ela não é capaz, por que a criança é um ser sócio-histórico, tem uma história de vida, tem uma família e vive em sociedade.
É todos pela educação, cada um cumprindo sua função!
Acredito que consegui derrubar alguns discursos de senso comum.
Espero que tenha gostado e que comente mostrando sua opinião.
nOsSa, q tExTãO!!!rsrs
mas tah mto mto bom,
concordo contigo e
assino embaixo,
dos lados,
onde der!
rsrs
Oiii Théo!!
Que bom ir la no meu blog e ver comentários seus :)
Amei este artigo teu, muito bem feito, da até vontade de fazer jornalismo :D
Mas a filosofia ja conquistou meu coração hauhaua, apesar de meu blog ser mais poetico que filosofico vou pensar em algo bacana pra colocar lá....
pode ficar a vontade pra pegar meus textos e meus outros posts quando quiser.
um beijoo!!
é isso mesmo amiguinho, adorei esse artigo!bj